Um Passo à Frente

Um Passo à Frente é meu primeiro EP.

Nesse EP, tirei da gaveta algumas músicas que refletem os meus últimos 20 anos.

Aqui tem músicas dos meus 12, 14, 16, 20, 25 e 32 anos que mostram o quão motivado eu era e o quão desmotivado ficava conforme o tempo passava.

Não sei até quando vou insistir na música, mas esse EP vai servir para me lembrar de todas as vezes que desisti e que acabei voltando com habilidades reduzidas e com o pensamento de que, se eu nunca tivesse parado de tentar, talvez eu teria conseguido algo ou estivesse mais perto do que estou hoje de viver apenas da música.

Heisenberg

Heisenberg é um single de 3 músicas que lancei quando fez 3 anos que perdi meu companheiro de composição.

Toda vez que eu pegava um instrumento para escrever ou passar música, ele vinha para ficar perto.

Não consegui mexer com música por um bom tempo porque não conseguia tocar sabendo que ele não ia aparecer para me fazer companhia.

As músicas desse single eram linhas de baixo que criei enquanto ele estava no meu colo ou perto de mim. Duas dessas letras foram as primeiras que consegui escrever sem ele perto. Nenhuma eu fiz pensando em um projeto solo, mas achei que essas linhas mereciam virar letras sobre o quanto ele me faz falta para que eu nunca esqueça que ele estava junto quando criei.

Na época, cheguei a procurar algum conforto para quem perdeu animal de estimação e não achei. Percebi que a maioria das pessoas não respeitam o luto por animais da mesma forma que por pessoas. Imaginei que se eu lançasse essas músicas, talvez pudesse ajudar alguém a ter algum tipo de conforto no luto por animais de estimação.

Uma Canção de Amor

Uma Canção de Amor é o primeiro single que lancei na vida.

Fiz parte de muitas bandas durante a minha vida e sempre que a banda caminhava rumo ao autoral eu apresentava músicas minhas.

Tive a oportunidade de entrar em estúdios profissionais e gravar algumas dessas músicas, mas sempre senti um certo descaso das bandas em lançar músicas minhas. Parece que sempre que tudo estava encaminhando bem, alguém inventava uma forma de empacar o projeto.

Depois da pandemia alguns companheiros antigos de banda me procuraram para produzir músicas, outros para escrever músicas, aceitei acreditando que tinham me procurado por consideração, mas depois descobri que era só porque não tinham outras opções.

Depois de perder muito tempo trabalhando em projeto dos outros, e frustrado com o quão as pessoas valorizam o tempo delas e desvalorizam o meu, decidi começar o meu próprio projeto ao invés de ficar escrevendo e produzindo pros outros.

As últimas frustrações que tive em projetos de terceiros serviram para se transformar em inspiração quando perdemos o Tio Paulo. Depois do acidente, fiquei pensando em milhares de coisas e principalmente nas músicas dele que nunca foram gravadas.

Como ele foi uma das poucas pessoas que me incentivaram a continuar na música, achei justo lançar a primeira música falando sobre ele. E decidi, nesse momento, que começaria a falar NÃO para todas as pessoas que eu vivia falando SIM.

Vivi os últimos anos colocando meus projetos de lado e priorizando projetos novos que eu nem entendia direito o que eram, acreditando que se eu não ajudasse as pessoas elas não teriam quem as ajudasse, mas a verdade é que elas sempre dão um jeito. Enquanto eu estava me matando para que os outros não precisassem se esforçar tanto, minha saúde mental se deteriorava. Cansei de estar desconfortável para que outros estejam confortáveis.

Junto com o single nasceu o Overdaves, que veio para ser o egoísta que eu preciso ser.